quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Crítica literária às obras do concurso nacional de leitura


Sempre recusei classificar a obra de Pepetela como uma obra de desencanto, porque se é verdade que ele recria o desencanto da história, da guerra e da hipocrisia social em livros tão importantes da sua obra como A geração da utopia, também é verdade que a sua obra é desafiadora dos instintos humanos imaginando situações imprevisíveis prevendo de que forma o instinto humano age nessas situações. Essa característica é tão notável em obras como O quase fim do Mundo ou o Terrorista de Berkeley, Califórnia.

A Montanha da Água Lilás, parece-me que fica a meio termo. É uma história de desencanto, uma personificação do homem (com os lupis) e uma metaforização das acções (e reacções) dos lupis às acções dos homens. Nela é exaltado o lado negro do homem: a competitividade suja, a cegueira, a ignorância e a repressão de quem não se inclui no pensamento único. E, por outro lado, sugere uma situação imaginária (a descoberta da água lilás na montanha) prevendo as respostas que os instintos humanos dariam a essa possível situação. Termina de forma soberba: aprenderam eles com esta história? Escrita simples, acessível e um enredo aliciante. Pepetela oferece-nos uma deliciosa metáfora social neste livro impar na sua obra.



Sobre Inês de Portugal de João Aguiar, não tenho quase comentários a tecer. Lê-se bem embora nem a história, nem o enredo, nem as personagens, nem a escrita me tivessem cativado muito. Acho o enredo fraquíssimo porque a verdade é que o autor para completar a história e dar um pouco de conteúdo ao livro teve de criar enredos secundários que nada tinham a ver com o enredo principal. É uma tentativa imaginária de recomposição histórica que, na minha opinião, fica à quem das expectativas. Um livro que não traz nada de novo… Mas também, não perdi nada ao lê-lo

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