sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
"é fácil seguir a opinião da maioria"
Aqui deixo um apontamento que fiz para psicologia. Foi-nos pedido um comentário à frase de Séneca “é fácil seguir a opinião da maioria” a nível da psicologia social.
" Não querendo explorar a origem deste pensamento de Séneca, um filósofo profundamente ligado à ataraxia e ao estoicismo, pensando o mundo e a sua organização numa base mais divina do que humana e social, este seu pensamento analisado individualmente (pois carece de um contexto especifico em que foi produzido) parece-me importante aos nossos dias. Por um lado é preocupante: passados mais de dois mil anos a sociedade estagnou neste aspecto. Mas é normal que assim seja porque na verdade os mecanismos sociais e muitas vezes políticos que se formam ou desenvolveram desde a Roma antiga até aos nossos dias sempre fizeram com que o pensamento grupal, colectivista e aceite pela maioria pressionasse a escolhas e a formação de opiniões. Por vezes quem ousasse questionar essa maioria era até alvo de repressão umas vezes física, outras vezes intelectual. Seguir a opinião da maioria é mais fácil, sentimo-nos integrados e em sintonia com os outros e o ser humano se há coisa de que gosta e de ser aceite socialmente e não se sentir à margem. É mais fácil termos uma âncora social que nos dá confiança baseada naquilo que é socialmente aceite do que termos uma visão critica e mais pessoalizada do Mundo, da vida e do homem. Seguir a maioria implica não pensar muito porque quem segue a maioria dificilmente se sente constrangido com um simples “porquê” ao contrário de quem a contraria ou teima em pensar por si próprio. O facto de muita gente dizer que amarelo é amarelo não significa à partida que amarelo é amarelo, amarelo pode ser azul desde que seja claramente explicado porque é achamos que amarelo é azul. É um exemplo figurativo. A verdade não carece de uma maioria social que a faça ser verdadeira, nem de perto nem de longe. A verdade (assim como a razão) carece sim de ideias e premissas que a justifiquem quer acreditemos ou não no seu carácter absoluto.
Seguir os outros é simples, fácil e não implica pensar muito. Foi muitas vezes assim que se desenhou a história, pensando grupalmente, umas vezes certa, outras erradamente. Mas penso que a apetência que o ser humano tem para seguir a maioria é antes de mais exógena a ele. Essa apetência é influenciada por inúmeros factores externos de vários ordens. Preservar o pensamento crítico seja sobre o que for é a melhor forma de conduta, mas na verdade a sociedade ainda não está preparada para isso. "
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário