terça-feira, 1 de junho de 2010

…nem só de Rei e Rainha se faz um jogo de xadrez!


O fim da bipolarização do Mundo em nada foi sinónimo de pacificação, de rejeição da guerra e da generalização Mundial de direitos sociais. Foi sim sinónimo de unipolarização do Mundo, sob a égide do imperialismo global. O desaparecimento da potência Soviética fez, a partir de 90, surgir os EUA como a única grande potência económica e militar. Contudo, nos nossos dias uma nova potência emerge, a China. O facto de uma nova grande potência surgir na geopolítica mundial, não faz com que algo mude no Mundo, não é sequer factor de alívio e de esperança para os trabalhadores e para o povo. A ascensão Chinesa é, antes de mais, um motivo de preocupação. Apesar de uma imagem renovada e “marketingzada “, o imperialismo global continua a ser a base de entendimento global e de todo e qualquer equilíbrio de forças…

...mas o Mundo é claro como a clarividência de um charco de água suja!

Os países menos desenvolvidos são sempre quem paga a factura mais alta, sendo brutalmente excluídos do processo de globalização. A Tríade mais a China, são hegemónicos: detém todo o poderio económico, mobilizam e gerem recursos e fluxos de todos os tipos, detém uma superioridade técnica e um poderio económico e político brutal, servindo-se da guerra infinita, da marginalização e aproveitamento dos países menos desenvolvidos e, obviamente, do planeta. Pensar-se nas Nações Unidas como um real factor de equilibro de forças? Impossível… O conselho de segurança não deixa e sabemos precisamente porque…

A globalização reforça a primazia Norte Americana (como sempre o fez). Ao mesmo tempo que favorece o apogeu Chinês. Mas como nem só de Rei e Rainha se faz um jogo de xadrez, o império deu um novo salto. Utiliza novos bispos e torres no imperialismo global. Essenciais à renovação de imagem e à desfiguração que o capitalismo quer impor na cabeça dos cidadãos e da opinião publica. Esses bispos e torres, os chamados novos países industrializados ou semiperiferias são, nos nossos dias, peças centrais do ilusionismo imperialista. Sob a capa do (re)equilíbrio de forças, da democratização do Mundo, e da eficácia do modelo económico globalizante, os países emergentes servem os mesmos interesses das potências: rebaixam-se sempre perante os interesses político e económicos (por exemplo as multinacionais Norte Americanas no México); subjugam-se sempre perante as ofensivas militares (por exemplo a complacência perante a guerra no Iraque, no Afeganistão ou na Palestina); assumem sempre uma posição subalterna em questões ambientais (por exemplo cimeira de Copenhaga); … E portanto sob a capa democratizadora, os países emergentes apenas legitimam o imperialismo global, porque a verdade é que o imperialismo não é democratizável!

São regiões geopoliticamente estratégicas: Ásia Orienta e Sudoeste Asiático; América Latina; Magrebe. Países tidos como exemplos, onde os direitos humanos, o trabalho infantil, a pobreza ou as desigualdades sociais são problemas inultrapassáveis. Conhecemo-los (e certamente não será por acaso) com nomes de animais ferozes e ofensivos: os 4 Dragões Asiáticos (Coreia do Sul, Taiqan, Hong Kong e Japão) ou como os Tigres do Oriente (Malásia, Tailandia, Filipinas e Indonésia)… Próximos da China e do Japão, assumindo um papel geoestratégico de enorme importância. Na América Latina conhecemo-los com mais profundidade: A Argentina, o México, o Brasil… A própria “política de bloco”, com o exemplo concreto da NAFTA, é bem elucidativo do tipo de alianças que se fazem e com que fins. Mas não pensemos que os EUA só se impõe ao país que em 1982 se declarava insolvente e foi “salvo” pelos EUA (México), ou da 10ª economia Mundial que Obama tanto elogia (Brasil) ou do fiel aliado (Argentina). Detém outras influências igualmente importantes como a Colômbia ou o Peru. A região do Magrebe não é imune. O império sabe perfeitamente onde está o seu oxigénio, o petróleo. É por isso que a presença dos EUA, da UE e até da China na Argélia, na Líbia, em Marrocos na Mauritânia ou na Tunísia é tão relevante.

João Nuno Mineiro

Sem comentários:

Enviar um comentário