quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
A representação do lucro acima dos homens...
O boicote encapotado que os governos e a imprensa fazem ao Fórum Social Mundial, em oposição a um feedback brutal sobre o Fórum Económico Mundial é sintomático de uma lógica “mercantilizante” que, infelizmente, se foi enraizando. Essa lógica interessa à burguesia e aos neoliberais, daí que a rejeição e o desinteresse em relação ao Fórum Social Mundial seja notório e que as tentativas de silenciamento e boicote se reafirmem nestes tempos de recomposição do neoliberalismo. É importante perceber porque é que afinal de contas os governos, a burguesia e a imprensa ignoram os apelos do Fórum e se negam a ouvi-lo…
Boaventura Sousa Santos na sua crónica desta semana na “Visão” faz uma análise interessantíssima ao desprezo sobre o Fórum Social Mundial. Acabou de se realizar em Porto Alegre um seminário de avaliação do papel do Fórum no pensamento e na acção social destes últimos dez anos, ao mesmo tempo que se promoviam acções descentralizadas do Fórum numa série de outros países. Quantas notícias nos chegaram sobre estes encontros? Praticamente nenhumas. E quantas nos chegaram do Fórum Económico Mundial? Imensas. Lógico. Interessa à burguesia calar o Fórum Social, afinal de contas ele previu a crise e os seus efeitos gravíssimos na vida de milhões de pessoas. Advertiu sempre, desde a sua carta fundadora para os perigos da desregularão, do neoliberalismo e da teoria do pensamento único. Percebe-se a aversão dos governos e da burguesia ao Fórum Social Mundial quando se lê os seus pilares base: “O FSM é um espaço de debate democrático de ideias, aprofundamento da reflexão, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo”. Como sabemos o neoliberalismo é adverso a uma verdadeira democracia, é adverso ao pensamento, ao debate, à reflexão, e a todo o tipo de teorias que digam que acima do dinheiro está o homem, e acima da guerra está a paz.
Por outro lado, percebe-se o casamento perfeito entre a burguesia, os seus governos e o Fórum Económico Mundial. Em 2001, como Boaventura escreve, as análises do FEM eram as de que as privatizações, o livre comércio e a desregulamentação económica e financeira eram a solução possível e definitiva e a única forma de combater as crises cíclicas do capitalismo. Definitiva até 2008, claro! Crise que aliás o FEM não previu… e o FSM previu. O FSM sempre afirmou que o neoliberalismo não era a única solução, que era a socialmente mais injusta.
As conclusões e deduções que faço, é que a imprensa e os governos preferem ouvir quem defendeu um modelo absoluto que levou à crise em que nos encontramos do que ouvir aqueles que são mais afectados por essa crise e por toda a barbárie que ela representa. O que se prova é que se preferem defender quem mais responsabilidade tem na catástrofe social que o mundo vive, do que ouvir os movimentos de todos os sofredores dessa catástrofe.
Talvez seja fundamentada a afirmação de que o capitalismo controla tudo e todos e exerce uma pressão brutal sobre todos os domínios da vida. Em vez de um controlo do tipo Orwelliano, é um controlo inconsciente, feito de pressões, de interferências encapotadas na vida das pessoas, e sobretudo de instituições sociais (do ponto de vista psicológico) que, habilmente, foi incutindo às sociedades.
Este ano o Fórum Social Mundial reafirma como primeiro grande tema, a paz e a democracia e para citar a actualidade das suas reflexões cito o artigo do Boaventura Sousa Santos (elucidativo ao ponto de não precisar de explicação): “As análises do FSM apontam para o recrudescimento da militarização dos conflitos sociais, incluindo a criminalização dos movimentos sociais e dos protestos dos cidadãos ante o agravamento da crise económica e das desigualdades, e o ressentimento que ele provoca, já que as suas vítimas são sempre os moralmente mais honestos, os socialmente mais vulneráveis e os politicamente menos poderosos, uma tríplice condição sobreposta nos ombros da maioria da população mundial.”
Artigo publicado em:
http://www.acomuna.net/content/view/333/1/
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
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